“A Marca do Encontro” com: Ana Ulisses, Aglaíze Damasceno, Mafalda Santos, Sónia Neves e Rosi Avelar
Curadoria: José Maia e João Terras
9 de junho a 7 julho 2018
Espaço MIRA Rua de Miraflor 159, 4300-334, Campanhã, Porto
O rebatimento de um tecido de singularidades
Retrato e mapeamento existem num mesmo tecido, numa mesma trama, que subsiste entre os feixes de libertação e anulação. Retratar e autorretratar-se será, por sinal, sempre, um gesto de mapear, e em seu reverso, mapear será, na deriva das suas preposições, sempre, um retrato. Assim, um veículo duplo, que nos permite ver e dar a ver. Nesta escala, sendo o retrato e o mapa a vascularização de uma teia de relações múltiplas, a substância reflexiva, gera-se no espaço do rebatimento deste tecido de singularidades. A posição do rebatimento, será desta forma, esse lugar fantástico, lugar de maior agitação, veio interino de qualquer criação e em última instância, por correspondência, o feixe de qualquer existência. Rebater pressupõe, deitar, inclinar, em continuidade abrir, mostrar, desnudar. É a passagem da imagem ao filme, é o lugar da simbiose e da ativação. Entendamos o rebatimento como o lugar da marca do encontro, espaço-tempo que de forma porosa indexa toda a narrativa. Mesmo que circunscrita ao universo destas cinco artistas, o lugar desta exposição será sempre um lugar rebatido e um lugar de rebatimentos, um lugar onde partimos do singular para o plural, onde nos é permitido constituir um deslocamento dentro de um meio determinado convocando uma reflexão que a nós, enquanto público, também nos pertence. Neste rebatimento é nos ainda permitido estar dentro mesmo que distante, e essa será a sua maior peculiaridade, a de sentirmos uma agitação, uma folia, uma revolta, uma necessidade, uma urgência. De forma circunstancial em “A MARCA DO ENCONTRO”, reúne-se um corpo de trabalhos, de características e tipologias muito diversas mas que, de forma curiosa, confluem para uma mesma perceção. Entre os elos da ficção e realidade, retratam e são retratos, mapeiam e são mapas, documentam e são documentos, confluem de dentro para fora, e no seu inverso, convocando uma mesma intenção. A forma como estas cinco mulheres projetam, riscam, localizam e se referenciam no seu tempo e espaço, constitui, em ultimo reduto, um plano de retalhos, um conto no lugar da história, mas onde todos olham, onde todos vêem, onde todos olham e a todos é permitido ver.
João Terras (Junho 2018)